“33 PoeMAS” gráficos de Manoel de Almeida e Sousa

Capa e contra-capa

Acaba de sair da gráfica “33 PoeMAS” (gráficos) de Manoel de Almeida e Sousa

As páginas do livro

Crocodarium (a revista)

CROCODARIUM No 1 Setembro de 2018

Colaboraram neste número: 

Renato Suttana (Brasil)

Javier Seco (Espanha)

Manoel de Almeida e Sousa (Portugal) 

Martim d’Alba (Portugal)

Rafael Dionísio (Portugal)

Pere Sousa (Espanha)

Clemente Padin (Uruguay)

Fernando Rebelo (Portugal)

Roberto Keppler (Brasil)

Madalena de V. e Sá (Portugal)

Manuel Neto dos Santos (Portugal)

José Bivar (Portugal)

António Gomez (Espanha)

Maya Lopez Muro (Argentina)

Textos/imagens Dadaístas de Francis Picabia, Hans Arp, Hugo Ball, Tristan Tzara, Richar Huelsenbeck, Geoge Grosz, John Heartfield, Raoul Hausman, Kurt Schwitters

CROCODARIUM No 2 — Cascais, Fevereiro de 2019

Neste número colaboraram:

Fernando Aguiar

Vitor Cardeira

Marino Rossetti

Marita Moreno Ferreira

Bruno Vilão

Manoel de Almeida e Sousa

Rafael Dionísio

Rrenato Suttana

Angela Coporaso

Álvaro de Mendonça

Edward Kulemin

Pere Sousa

texto d’arquivo de Victor Belém 

capa e arranjo gráfico: m. almeida e sousa — contra-capa: foto “viagem ao dentista” autor desconhecido 

CROCODARIUM No 3 – Cascais, Setembro de 2019

Colaboraram:

Renato Suttana

Vitor Cardeira

Vergilio Alberto Vieira

Fernando Grade

Martim d’Alba

M. de Almeida e Sousa

Bruno Vilão

Pere Sousa

Rafael Dionísio

Margarida Azevedo

Pepita Tristão

João Rasteiro

Maria João Carrilho

Angela Coporaso

Fernando Aguiar

Felipe Zapico Alonzo

Fernando Faria

Mário Rui Pinto

Marco Ferro

Luis Meireles

CAPA: — desenho original de LUD (Ludgero Viegas Pinto – pintor ligado ao movimento surrealista (Lisboa, 3 de Junho de 1948 – f. em 2001) 

CONTRA-CAPA: — colagem de Mário Cesariny de Vasconcelos – pintor e poeta ligado ao movimento surrealista (Lisboa 1923 – 2006) 

CROCODARIUM No 4 — Cascais, Maio de 2020

número dedicado às mulheres ligadas ao movimento DÁDÁ

convidados:

Ana Menezes

Ana Aly

Cristiano Sheppard Cruz

Fernando Aguiar

Fernando Grade

João Rasteiro

Mário Rui Pinto

Pere Sousa

Rafael Dionísio

Renato Suttana

Serse Luigetti 

+ um texto dramático de Mário Cesariny de Vasconcelos
e… um poema de Fernando Pessoa 

capa e arranjo gráfico: m. almeida e sousa 

___________

Crocodarium é uma edição de “Mandrágora” (associação cultural fundada em Cascais no ano de 1979 – Para aquisição destes números da revista contactar por mail:

mandragora.pesquisarte@gmail.com

100 anos – mário cesariny de vasconcelos

Mário Cesariny de Vasconcelos – morreu de madrugada – num domingo – no dia 26 de Novembro no ano de 2006 – em sua casa – em Lisboa– cerca das 5h30 – tinha nas algibeiras 83 anos

Mário Cesariny de Vasconcelos – nasceu em Lisboa – no dia 9 – do mês de Agosto – no ano de 1923

hoje – Mário Cesariny de Vasconcelos – completaria 100 anos

e

OUTRA COISA:

Apresentar-te aos deuses e deixar-te

entre sombra de pedra e golpe de asa

exaltar-te perder-te desconfiar-te

seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo

que por ti passo raias e fronteiras

que não me chamo mário que me chamo

uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato

de dez anos de anjinho nacional

e nove de colégio terceiro acto

pôr-te na posição sexual

tirar-te todo o bem e todo mal

esquecer-me de ti como do gato

Mário Cesariny

Hannah Höch (mulheres dadaístas)

Hannah Höch nasceu na Alemanha e estudou no Colégio das Artes em Berlim sobre a orientação de Harold Bergen. Em 1915, Hannah começou uma in- fluente relação com Raoul Hausmann, membro do movimento Dada de Berlim, e em 1919 estava totalmente envolvida com o Dadaísmo, colaborando com as suas publicações em várias revistas e ex- posições do movimento — torna-se pioneira na arte da “fotomontagem”.

A sua primeira exposição impor- tante foi organizada em conjunto com outros artistas dadaístas alemães, em Berlim. No ano de 1920 mudou-se para Roma e depois para Praga, onde participou em manifestações dadaístas. Mais tarde, em Paris, fez amizade com Mondrian.

Hannah passou os anos do Ter- ceiro Reich na Alemanha, tentando permanecer discreta. Não obstante, o nacional-socialismo incluiu-a na lista dos “artistas degenerados”, e só em 1946 pôde expor novamente no seu país. Casou, em 1938, com o (muito mais novo) homem de negócios e pianista Kurt Matthies, divorciando-se pouco depois — em 1944.

Embora, durante a sua vida, a sua obra não tivesse sido aclamada, continuou a produzir as suas “fotomontagens” exibindo-as até à data da sua morte.
Feminista convicta. Os seus trabalhos retratavam questões sobre a sexualidade da mulher moderna alemã, questionando o papel feminino na sociedade. Mesmo não sendo muito reconhecida por sua obra, como o é hoje, continuou a fazer suas incríveis “fotomontagens” enquanto viveu

Hannah Höch e suas marionetas “DADA-Puppen” 1920 – Berlin

Hannah Höch, “Astronomie”, (collage), 1922

Hannah Höch, “Ausgebrochener Größenwahn”, (tinta sobre papel), 1961

Hannah Höch, Collage II “Auf Filetgrund”, (recortes de papel colados e pintados), 1925

Hannah Höch, “Entwurf für das Denkmal eines bedeutendes Sptzenhemdes”, (collage), 1922

Hannah Höch, “Meine Haussprüche”, (collage), 1922

Hannah Höch, “Poesie”, (collage), 1922

Hannah Höch, “Schneiderblume”, (collage), 1920

Hannah Höch, sem título (Dada), (papel cortado-pintado sobre cartão), 1922

Hannah Höch, “Weiße form”, (collage), 1919

Hannah Höch, “Untitled (“auto-retrato” (Dupla exposição) com a obra ‘Symbolic Landscape III’ no cavalete, 1930

Liberdade para Julian Assange

No mais incrível e vergonhoso “silêncio da imprensa” nacional e estrangeira…

No mais incrível e vergonhoso “silêncio da imprensa” nacional e estrangeira…

Esta manhã o Papa recebeu a companheira de Julian Assange, Stella com as crianças, numa audiência privada.

(Às 19:30 de sexta-feira dia 30 – ausência de notícias no Google. E para encontrares o “site” da “Associated Press”, que está a dar algum destaque ao assunto, terás de ir a outro motor de busca – a Google faz censura de facto).

No Telegram é possível encontrar, a foto aqui anexa, no canal ‘Tutti i fatti’ (que substituiu o Sputnik, fechado porque é “subversivo” – seja lá o que for “subversivo”).

OLH’Ó SACO DE PLÁSTICO NEO LIBERAL QB!…

O Passos Coelho (do PPD) atacou no saco de plástico com asas e o consumidor (sempre o consumidor) pagaria… pagou e continua a pagar!…

Pois.

Pagamos a bem do ambiente (dizem eles) e do orçamento do estado (que eles se esquecem – sempre – de dizer).

Agora…

Agora os “chuchas” vão cobrar pelos sacos transparentes e a transparência tornar-se-à mais transparente…

Claro. “Tudo a bem do ambiente”.

Claro. É o consumidor que paga!…

Da parte dos dois partidos de extrema direita com assento na Assembleia (chegófilos e “liberais” – tendência João Rendeiro) nem um pio…

Da parte dos esquerdalhos nem um assobio!…

E da parte dos que se exibem com o ambiente e gato na lapela, estão igualmente de acordo…

Mas estão sim, todos de acordo, em não penalizar os verdadeiros poluidores:…

– Alguém os ouviu condenar e propor taxas ambientais à “Nestlé” que mais de 60% das embalagens dos seus produtos são de plástico ou de alumínio?

– Alguém os ouviu condenar e propor taxas ambientais à “Coca Cola” que mais de 50% das embalagens dos seus produtos são de plástico ou de alumínio?

– Alguém os ouviu condenar e propor taxas ambientais aos produtores de lacticínios e águas ditas “termais” – que mais de 80% das embalagens dos seus produtos são de plástico?

E…

– Alguém os ouviu condenar e propor taxas ambientais às cadeias de super mercados por mais de 50% das embalagens dos seus produtos (ditos brancos) serem de plástico?

E depois; alguém os ouviu condenar e propor taxas ambientais aos grandes poluidores de rios deste país – a indústria do papel e seus derivados, a suinicultura e uma caterva de indústrias (incluindo a dos plásticos)?

E…

Muito curioso; os comerciantes, todos, “à boleia” das taxas dos sacos de plástico cobram também pelos sacos de papel (alguns deles, como é caso das farmácias, fornecidos gratuitamente pelos laboratórios – carregados de publicidade a medicamentos)

Claro.

Os verdadeiros poluidores passam impunes e este país não tem, lamentavelmente, um verdadeiro movimento ecológico – actuante – que nos defenda da ganância neo-liberal.

centenário de MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS

Lembra-te

que todos os momentos

que nos coroaram

todas as estradas

radiosas que abrimos

irão achando sem fim

seu ansioso lugar

seu botão de florir

o horizonte

e que dessa procura

extenuante e precisa

não teremos sinal

senão o de saber

que irá por onde formos

um para o outro

vividos.

Mário Cesariny

RUA 1º DE DEZEMBRO

À hora X, no café Portugal

À mesa Z, é sempre a mesma cena:

Uma toupeira ergue a mãozinha e acena…

Dois pica-paus querelam, muito entusiasmados:

Que a dita dura dura que não dura

A dita dita ditadura – dura desdita!

Um pássaro canta diz isto assim é pena

E um senhor avestruz engole ovos estrelados.

Mário Cesariny

MÁRIO CESARINY (1923-2023) — nos 100 anos do poeta

OUTRA COISA

Apresentar-te aos deuses e deixar-te

entre sombra de pedra e golpe de asa

exaltar-te perder-te desconfiar-te

seguir-te de helicóptero até casa

dizer-te que te amo amo amo

que por ti passo raias e fronteiras

que não me chamo mário que me chamo

uma coisa que tens nas algibeiras

lançar a bomba onde vens no retrato

de dez anos de anjinho nacional

e nove de colégio terceiro acto

pôr-te na posição sexual

tirar-te todo o bem e todo mal

esquecer-me de ti como do gato

Mário Cesariny

OS DOIS MÁRIOS

(Mário Cesariny de Vasconcelos – em defesa do teatro e Mário Soares o presidente…)

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS (1923-2023) —100 anos de poesia

Ontem às onze

fumaste

um cigarro

encontrei-te

sentado

ficámos para perder

todos os teus eléctricos

os meus

estavam perdidos

por natureza própria

Andámos

dez quilómetros

a pé

ninguém nos viu passar

excepto

claro

os porteiros

é da natureza das coisas

ser-se visto

pelos porteiros

Olha

como só tu sabes olhar

a rua os costumes

O Público

o vinco das tuas calças

está cheio de frio

é há quatro mil pessoas interessadas

nisso

Não faz mal abracem-me

os teus olhos

de extremo a extremo azuis

vai ser assim durante muito tempo

decorrerão muitos séculos antes de nós

mas não te importes

muito

nós só temos a ver

com o presente

perfeito

corsários de olhos de gato intransponível

maravilhados maravilhosos únicos

nem pretérito nem futuro tem

o estranho verbo nosso

© 1957, Mário Cesariny in Pena Capital Assírio & Alvim

Tantos pintores

A realidade comovida agradece
mas fica no mesmo sítio
(daqui ninguém me tira)
chamado paisagem

Tantos escritores

A realidade comovida agradece
E continua a fazer o seu frio
Sobre bairros inteiros, na cidade, e algures

Tantos mortos no rio

A realidade comovida agradece
porque sabe que foi por ela o sacrifício
mas não agradece muito

Ela sabe que os pintores
os escritores
e quem morre
não gosta da realidade
querem-na para um bocado
não se lhe chegam muito pode sufocar

Só o velho moinho do acordeon da esquina
rodado a manivela de trabuqueta
sem mesura sem fim e sem verdade
dá voltas à solidão da realidade

recordando NATÁLIA CORREIA

Foi-me preciso descobrir que:

  • a lógica é a ciência de gerir os rendimentos da estupidez;
  • os políticos não são inteiramente galinhas porque cacarejam e não põem ovos;
  • as pastas dos executivos levam dentro aranhas para urdirem as teias que nos imobilizam;
  • os militantes de todos os partidos têm pele de camisas enforcadas;
  • a familia é um cardume de piranhas ao redor da carcaça de uma vaca sagrada;
  • a sociologia  é uma completa falta de humor perante a decadência;
  • os gestores destilam um suor frio que nos constipa;
  • as nações içam as bandeiras para porem o falo a pino e masturbarem-se;
  • as esquerdas e as direitas resultam do pacto de não inverterem os papéis;
  • o socialismo é um estratagema para negar aos exploradores o direito ao desaparecimento;
  • o liberalismo é uma manha do Estado para forjar algemas com a liberdade;
  • os intelectuais são uma chatice com que o Criador não contava;   .
  • sendo a educação a providência dos imbecis que são em maior número, o mundo está imbecilizado pela educação;
  • o sistema é a creche da debilidade mental e a vala comum da inteligência;
  • a economia é adquirir-se o vício do fumo porque se comprou um isqueiro;

dos vencidos não reza a história porque se renderam à razão, para concluir que: chegou a hora romântica dos deuses nos pedirem a desobediência.

Faço-lhes a vontade. A partir de hoje, se alguém me quiser encontrar, procure-me entre o riso e a paixão

 Natália Correia -10 de Janeiro de 1983